Anunciada em 2014, a tão esperada exposição de Jimi Hendrix chegou em São Paulo, mostrando parte do legado do astro do rock’n’roll. Sediada num espaço expositivo dentro do Shopping JK Iguatemi, “Hear My Train Comin’: Hendrix Hits London” retrata um momento crucial na história do lendário artista, quando ele cruzou o oceano para fazer sucesso em Londres, onde viveu durante nove meses e se consolidou como um dos maiores guitarristas de todos os tempos.
A mostra está dividida em 14 alas, passando pelos figurinos do músico, sua coleção de discos, fragmentos de suas guitarras quebradas em shows, lembranças do festival Woodstock, o período entre os sucessos “Hey Joe” e “Purple Haze”, cartas de fãs que revelam seu lado de ídolo adolescente, desenhos feitos por uma de suas namoradas e diversos outros itens raros que contam parte de seu legado musical e pessoal. Pela primeira vez, parte do gigante acervo saiu doExperience Music Project Museum (EMP), de Seattle, em parceria com o projeto Samsung Rock Exhibition no Brasil. No museu, há cerca de 6 mil objetos relacionados à vida e obra de Hendrix.
As peças customizadas e sob medida que usava davam a ele um visual inconfundível e vibrante, como é o caso de uma jaqueta floral dourada de 1967, desenhada pela Dandie Fashions. “Quando fazia backing vocal para outros artistas, como Tina Turner e Little Richard, tinha que usar roupas idênticas ao restante da banda. Em Londres, pode mostrar sua personalidade com essas roupas fabulosas”, explicou o curador Jacob Murray (foto abaixo), que ofereceu um tour para a imprensa durante a abertura brasileira.
Entre os itens, o contrato de publicação original da primeira composição feita por ele, a música“Stone Free”, gravada com a banda Jimi Hendrix Experience; um cartão-postal enviado ao seu pai, antes de “Hey Joe” – seu primeiro single – sair para a mídia, dizendo que estava em Londres e que as coisas estavam melhorando para ele; algumas matérias de jornais; fotos com outros artistas, como Eric Clapton, que na época era considerado um “Deus da guitarra”, do qual Jimi queria muito conhecer logo quando chegou a Inglaterra, em 1966. “Acho que quando Jimi chegou, Eric acabou tendo algumas dúvidas sobre seu próprio título”, brincou Murray durante nossa turnê pelo universo mágico de Hendrix.
Não podemos deixar de mencionar que Mitch Mitchel Focus, considerado um dos maiores bateristas da história do rock e parte da banda de Hendrix, também figura na mostra como o grande artista que foi ao lado do gênio da guitarra. Roupas, objetos e cartas de fãs revelam um pouco de sua história, assim como declarações do parceiro Hendrix com quem teve uma profunda amizade. Em julho de 1968, declarou ao jornal musical inglês Melody Maker: “Mitch é o único que me preocupo em perder. Ele é um pequeno monstro na bateria. E está se tornando tão forte atrás de mim que ele me assusta”.
Durante a abertura, a irmã do artista, Janie Hendrix (foto abaixo), falou brevemente sobre a exposição de sua curadoria em conjunto com Murray. “O dom de Jimi o levou por todo o mundo. Ele amava as pessoas, cada cultura e país, e seu trabalho espelha essa ideia. Seu coração e sua mente estavam abertos a beleza da vida”, discursou. Janie posou para fotografias, recebeu a imprensa e agradeceu ao Brasil pela recepção.
A mostra resume bem o período de maior consagração de Jimi, que se estenderia por toda a história da música, relatando seus momentos mais importantes, seu lado fashion, suas paixões, sua coleção pessoal de discos, revelando suas influências musicais, indo de B.B King à Bob Dylan, chegando até os Beatles. Aliás, foi Paul McCartney que o incluiu no festival de Monterey na Califórnia, fazendo-o voltar pela primeira vez à sua terra natal, em junho de 1967, após o sucesso estrondoso na Europa.
O período expositivo acaba no dia 31 de julho, então certamente haverão filas. Os ingressos serão vendidos de R$ 20 a R$ 50, sendo crianças até 12 anos e idosos acima dos 65 anos isentos do valor.